segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Calo. Tétano. Dedo

Calo-te(tano)!

Achar o problema foi fácil. Ele estava ali, bem na frente, parado olhando pra mim. Mas o solucionar foi completamente difícil. A solução era o problema.

Havia alguns grampos na superfície de uma madeira. Eles estavam há tanto tempo naquele lugar que pareciam um só. Eu precisava encontrar orifícios, desbastar e encaixar entre os dois. Pronto! Consegui levantá-lo. Porém, ainda precisava de dentes para arrancá-lo. O primeiro foi fácil. E seguiu assim por mais um tempo. Depois assou, ficou vermelho e não sangrou. Era gostoso procurar orifícios, desbastar, encaixar e depois arrancar.

Vermelho, mais vermelho... cada vez mais. Um susto ao ver aquela pele deslocada. Cansaço. Flashes de uma memória recente: (comentários entre parênteses) gemidos; gozo, eu por cima e pulsação sentido pelos seios sobre peitos; descanço; sorriso, meu cabelo sobre o rosto.

O calo é produzido pelo excesso de repetição. Ou por algo do tipo. No ônibus, a todo momento passava o dedo sobre o calo no dedo. Até que senti novamente a dorzinha noutro dedo causado pelo furo da ponta de uma faca. Tétano?

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Vida


Passando no que havia pensando para construir com palavras a estrutura de um pensamento.



O dia:

Depois de caminhadas, desistências, ouvir, parar, sentar, levantar e mais uma vez voltar a caminhar, percebo que ainda não consegui acordar. Com a visão ainda desfocada por causa de um sono gostoso, de uma noite gostosa compartilhada. Os raios solares continua machucando. Cadê os óculos escuros? Alguns encontros, desencontros e café. Acordei. Risadas, carinho e pessoas. O sono volta. E finalmente, a fuga! Fugimos correndo pelas escadas depois que cada um conseguiu deixar um lugarzinho vago de um companheiro que roubamos. Cheiro de coxinha, beijo de coxinha. Mais risos, queríamos muito muito mais.

A noite:

Friozinho por estar com poucas roupas e um corpo tentando aquecer. De repente, uma poltrona na espaçonave. Voamoooos! Flutuamos. Renascemos. Depois de tantos risos, o silêncio veio. O espetáculo começou. E vimos deuses, deus. Presença. Mais uma vez, percebemos o quanto precisamos sentir a pele para reconhecer o cheiro. Cartas.
Desta vez, não havia alguém dizendo. Havia alguém mostrando e roubando nosso ar. Mostrando aquilo que seria impossível de mostrar. Gênios. Oh gênios da grande arte! Foda-se o resto.

Vida.
Ar.

Gênese
e amor.

O começo e fim. Dois tempos simultâneos coexistindo, correlacionando entre sí. Dança entre universos, moléculas e o que seria a criação de fato. A construção. E de repente, dinossauros! Cortes rápidos, movimentos e um olhar onipresente. O espetáculo da vida.


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

? (modificado)

Era pra ser apenas mais um corpo feito de palavras desconexas. Mas ainda há pessoas idiotas ao redor, buscando semelhanças com um mundo real que não existe.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Sobre(em cima)-viver


Processo. O tempo demarca momentos que continuamente se transforma; se destruí sem nunca anular. A replica de palavras dói. E aos poucos construímos bolos de porcarias que serão úteis para finalmente termos a bomba que vai explodir toda essa porra.
Os questionamentos já foram tantos que as respostas (sem nem mesmo existir, que até outras "coisas" resolveram ocupar esta vaga livre) tomaram atitude para assassinar vários questionamentos. Não havia tantas "coisas" livres para ocupar essas vagas de impostoras; fingindo ser "respostas".
Junto com o desaparecimento de questionamentos que só serviam para agilar células extremamente nervosas, veio um alívio momentâneo e ausência de pensamento. O universo parecia está em equilíbrio quando, de repente, ele pára e volta ao tempo. Mas nesse tempo, guerras ainda eram mais importantes que paz. E a dor estava comprimida em cada pedaço do corpo.
O ser que carrega registros físicos de uma mente que não suporta mais carrega-los está morrendo. Toneladas de memórias são carregadas em pastas para que não se percam. E um sala escura será o destino de todas para que apodreçam em paz.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Claro-Escuro

Depois de milhares de copos vazios espalhados pela chão, bate um certo frio na barriga, ao olhar através do dispositivo fotográfico, olhos tão embrigados de paixão. É uma vontade de libertação e um manifesto ao nada. Cena são captadas nos tons claros e escuros; efeitos loucos de uma iluminação improvisada em nossas mentes. Todo registrado ainda não sabemos onde. Ou melhor, sabemos muito bem. Colhemos os frutos de um revolução tecnologica e produzimos e des-produzimos ruidos. Gritos, facas, escadas e movimentos acelerados. Alguns atos me dão até medo. Mas continuamos juntos neste sexo gostoso e violento reproduzindo algo "desfarçado" de artístico. A realidade nos confundi. E já não sei o que está-há. Movimento. Cortes. Violência. Em pensar que por alguns segundos ficamos tão próximos, quietinhos apenas contemplando uma obra-prima.

Corte.
Claro.
Escuro.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

"I lost myself"

E da janela do ônibus vejo as ruas por onde passei há uns dias atrás; olhando através de outra janela o mesmo lugar. Por instantes, sinto vontade de te ligar para dizer aonde estou. Sinto vontade de ouvir tua voz, mas ela não vem mais à memória. Talvez seja por que não foram dias que passaram e sim anos.
Te vejo de costas conversando sobre algo que não recordo mais. Penso besteiras de uma adolescente bobinha e cheia de esperança. Penso no amor e no quanto isto pode se resumir à uma pessoa. Lembro também daquela sala branca com uma cama e tua respiração cansada, me olhando com olhos fechadinhos e brilhantes. Ainda sinto tua respiração no meu corpo,e eu tentando te dar todo meu oxigênio.
Mais uma vez me vejo olhando para olhos que não são os olhos de uma gatinha que vi quando tinha 8 anos. As vozes que ouço agora são outras. Tudo parece tão substituível e ao mesmo tempo tão inacreditávelmente doloridas. O lugar não é mais o mesmo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Dois mil
e o mundo acaba
dois, zero, dez
acabou.

Dois mil e mais um
Dois mil e mais alguns milhares
Dois mil e um e um
Onze...