quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Em sintonia com o meio.

No ônibus:
Caminho dançando pelas ruas da cidade das mangueiras; ouvindo aquela batida que sempre ouço antes de dormir. O vento dança comigo, balança minha saia e sacode meu cabelo. Ainda a pouco, estava eu a conversar com o trombone que aquele velhinho, logo ali, tocava. Apaixonada, continuo a caminhar. Era uma paixão sem razões, apenas sentia-me apaixonada por este rapaz aqui, por aquele ali e por outro bem mais distante. Subo no ônibus.

Nas ruas:
Olhando pela janela do ônibus, vago através de meus pensamentos. Ainda penso na mão que segurei minha vida toda. Queria continuar dançando, os barulhos da cidade eram música. Sobre a luz da lua, durmo.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Diário de R. Mutt

Querido Diário,

Hoje não estou num bom momento de minha vida. Escrever não me basta. Adoraria afogar minhas mágoas nisto, aqui, neste exato momento. Escrever para alguém que eu não sei quem, só para dizer coisas que ainda não fazem sentido. Aliás, preciso descobrir outro entorpecente que não seja unicamente aquele que bebo todos os dias. Preciso descobrir o que mais me satisfaz nesta simples existência para que consiga sobreviver sem esta Droga.
Eu fiz uma escolha. Escolhi uma possibilidade e deixei outras infinitas para trás. Agora esta possibilidade está me testando. E fico a pensar se a escolha estava correta. Sim, estava. Independente do que acontece a cada minuto ao redor, tenho mais certeza que a resposta estava correta. Mas talvez eu ainda não tenha argumentos suficientes para defendê-lo. É como se você apenas soube o caminho que quer seguir, mas sem saber o por quê. E por que saber o por quê? É o passo no escuro, caro amigo. E não se preocupe em voltar dois para trás.
Leio estas palavras que acabo de escrever, e por um momento tudo fica mais tranquilo. Porém, poucos segundos depois esqueço; continuo no desespero. Afinal, a vida testa minhas teorias. Já repararam? Sou ótima com teorias. Práticas? Ih, esquece!
O pior desta frustação é ter imagens na mente. Ter fotogramas na cabeça; aqueles mesmo que não foram revelados. Estes fotogramas têem movimento. Um deles começa com um foco, depois corro e ouço o barulho do self-time; por fim todos sorrirmos para aquela foto que não revelou-se sobre a reação química entre luz e a gelatina de prata. Droga! Estou parecendo alguém que sofre um amor. Eu hein!
Cansei de falar comigo mesmo. Oops, perdão querido Diário; sei que estou falando com você. O que seria de mim sem você? Estou cansada, quero deitar.


Até mais, querido Diário
R. Mutt

domingo, 10 de outubro de 2010

Ele se perdeu.


Ele se perdeu no meio do caminho e está a choramingar. Não sabia que os atalhos poderiam levar para lugares distantes e perigosos. Agora ele está sendo observado pela multidão que a cada 1 minutos pára para observá-lo. Sem desejar, se tornou um boneco que apenas chora.
O céu acima dele não é mais o mesmo e sempre muda como um eterno devir. Olhando para o céu ainda tenta uma orientação melhor. Mas não adianta, ele não se preocupava em criar um afinidade com este céu. Nem ao menos o contemplava porque, segundo ele, não tinha tempo e era sempre janeiro. Muitas vezes já se cansou de dizer que aquele céu só anunciava chuva e nunca chovia. A razão de toda essas idéias sobre aquele céu era que de onde ele vinha o céu era colorido. E quando ficava em tons acromáticos significava que o céu anuncia chuva. Sábio céu.
Continuando a caminhar, sentia a luz apagando e o frio chegando. Até a condição do ser já não sabia definir. Continuando a caminhar ia mudando de forma e de ser. Já não era quem chorava e nem quem dizia.



Foto: Palhaços Trovadores - Belém/PA - Camila Aranha