quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ao som da música que faz imaginar ações futuras.

E ao som da música, ela escreve palavras que não mais fazem parte do passado ou do estado presente no atual momento. Esta música, ou melhor, este álbum induz a pensar nos passos futuros, numa chegada ao desconhecido novamente: juntas. Imaginar as cores daquele mar e transparência da fotografia ainda não concretizada.
Sentada num bar, sentindo com os dedos tocarem no gelado de um copo de cerveja. Esperando, talvez, a compania que nunca chega. E ainda assim, extremamente feliz por ver as cores do céu. Por se sentir em alguns momentos uma pintora que precisa ver cores além do plano sensível, para transparecer através do pincel e tinta na tela aquilo que ninguém mais percebe.
Os sonhos que desde sempre tivera não mais a atormenta. Por que ela está ouvindo aquelas músicas e nada mais existe. O fantasma não se aproxima mais. Ela respira e bebe um gole de cerveja. Pega o celular e consulta a agenda. Agora não reconhece mais os nomes escritos na tela do celular. Aqueles nomes ela deveria pronunciar há uns anos. Agora é ela e ela, nada mais. Não há esperas, nem desejos.



quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Em sintonia com o meio.

No ônibus:
Caminho dançando pelas ruas da cidade das mangueiras; ouvindo aquela batida que sempre ouço antes de dormir. O vento dança comigo, balança minha saia e sacode meu cabelo. Ainda a pouco, estava eu a conversar com o trombone que aquele velhinho, logo ali, tocava. Apaixonada, continuo a caminhar. Era uma paixão sem razões, apenas sentia-me apaixonada por este rapaz aqui, por aquele ali e por outro bem mais distante. Subo no ônibus.

Nas ruas:
Olhando pela janela do ônibus, vago através de meus pensamentos. Ainda penso na mão que segurei minha vida toda. Queria continuar dançando, os barulhos da cidade eram música. Sobre a luz da lua, durmo.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Diário de R. Mutt

Querido Diário,

Hoje não estou num bom momento de minha vida. Escrever não me basta. Adoraria afogar minhas mágoas nisto, aqui, neste exato momento. Escrever para alguém que eu não sei quem, só para dizer coisas que ainda não fazem sentido. Aliás, preciso descobrir outro entorpecente que não seja unicamente aquele que bebo todos os dias. Preciso descobrir o que mais me satisfaz nesta simples existência para que consiga sobreviver sem esta Droga.
Eu fiz uma escolha. Escolhi uma possibilidade e deixei outras infinitas para trás. Agora esta possibilidade está me testando. E fico a pensar se a escolha estava correta. Sim, estava. Independente do que acontece a cada minuto ao redor, tenho mais certeza que a resposta estava correta. Mas talvez eu ainda não tenha argumentos suficientes para defendê-lo. É como se você apenas soube o caminho que quer seguir, mas sem saber o por quê. E por que saber o por quê? É o passo no escuro, caro amigo. E não se preocupe em voltar dois para trás.
Leio estas palavras que acabo de escrever, e por um momento tudo fica mais tranquilo. Porém, poucos segundos depois esqueço; continuo no desespero. Afinal, a vida testa minhas teorias. Já repararam? Sou ótima com teorias. Práticas? Ih, esquece!
O pior desta frustação é ter imagens na mente. Ter fotogramas na cabeça; aqueles mesmo que não foram revelados. Estes fotogramas têem movimento. Um deles começa com um foco, depois corro e ouço o barulho do self-time; por fim todos sorrirmos para aquela foto que não revelou-se sobre a reação química entre luz e a gelatina de prata. Droga! Estou parecendo alguém que sofre um amor. Eu hein!
Cansei de falar comigo mesmo. Oops, perdão querido Diário; sei que estou falando com você. O que seria de mim sem você? Estou cansada, quero deitar.


Até mais, querido Diário
R. Mutt

domingo, 10 de outubro de 2010

Ele se perdeu.


Ele se perdeu no meio do caminho e está a choramingar. Não sabia que os atalhos poderiam levar para lugares distantes e perigosos. Agora ele está sendo observado pela multidão que a cada 1 minutos pára para observá-lo. Sem desejar, se tornou um boneco que apenas chora.
O céu acima dele não é mais o mesmo e sempre muda como um eterno devir. Olhando para o céu ainda tenta uma orientação melhor. Mas não adianta, ele não se preocupava em criar um afinidade com este céu. Nem ao menos o contemplava porque, segundo ele, não tinha tempo e era sempre janeiro. Muitas vezes já se cansou de dizer que aquele céu só anunciava chuva e nunca chovia. A razão de toda essas idéias sobre aquele céu era que de onde ele vinha o céu era colorido. E quando ficava em tons acromáticos significava que o céu anuncia chuva. Sábio céu.
Continuando a caminhar, sentia a luz apagando e o frio chegando. Até a condição do ser já não sabia definir. Continuando a caminhar ia mudando de forma e de ser. Já não era quem chorava e nem quem dizia.



Foto: Palhaços Trovadores - Belém/PA - Camila Aranha

terça-feira, 7 de setembro de 2010

"Quem não tem memória não pode ser culto".

Lembro-me de certa vez está num bar com uma amiga. Pra variar, estávamos conversando na companhia de uma querida cerva. Incrível como o alcool inibe meu ADH, ao contrário do que faz comigo; me solta no mundo. E nesses momentos, o Alter Ego que está inserido na minha primeira pessoa do singular, se aflora. Ele (é ele mesmo, não ela. Meu alter-ego é homem) aparece nessas ocasiões com muito bom grado. Ele é um crítico de arte muito foda, ou pelo ao menos pensa que é.
No começo daquela noite agitada, o que nos circundava (as palavras ao redor) faziam completamente sentido. Mas basta 1/8 de segundo pra fazer tudo mudar. E é neste momento que damos a volta no mundo com nossas conversas.
E no auge de nossa criticidade, meu Alter Ego surge para comentar um conto publicado em 1985, por uma jovem desconhecida. Sua escrita era culta demais pra meu compreender, ou para o dele. Já nem sabia mais quem era em alguns momentos, eu ou ele? ihh.. Enfim, continuando a comentar este fato, estava nós 3 a conversar. [Por favor, companheiros, compreendem a estória. O Alter Ego é um terceiro participante da conversa. Já que ele assume autonomia completa in some cases.] Voltando... as palavras pronunciadas por nós três tinham uma sintonia com o sentido lógico de algo em particular. E a conversa fluia de maneira perfeita.
Tudo começou a se embaralhar quando resolvemos ler o maldito conto. Tá aí um exemplo do sentido lógico em particular; aquele conto tinha uma lógico e linearidade totalmente particular da autora. Acho que isto mexeu muito comigo e com ele; nós. Eu, em particular, tomei uma posição crítica quando ao conto e o alter ego tomou outra. Minha querida amiga, já em posição crítica anteriormente àquela noite, naquele exato momento estava sem criticidade alguma.
Resolvemos, eu e Alter Ego comentar juntos e ao mesmo tempo a pequeno conto. O que foi demais para minha cabeça. Eu queria dizer uma palavra, ele outra. Confusão. Não sabia mais o que estava falando. De repente, a Mrs. Memória fugiu de mim e de nós. Já não lembrava mais o sentido lógico nem universal, muito menos particular das palavras. Não lembrava nem mais do conto, nem das últimas palavras ditas. "O que estou dizendo?!" Meu deus, não havia porra nenhuma mais naquelas palavras soltas.
Estava louca e sem razão. O que era ótimo.

Passado este episódio, o mais engraçado foi quando noutro dia sento para ler um conto do Ferreira Gullar. E comentando uma situação; ele termina o discurso com "quem não tem memória não pode ser culto". Realmente! HAHA, preciso explicar o por quê?